Amor, não a violência

01/06/2017

O filme inicia com um homem preparando uma bomba. As cenas se alternam com escola, um avô beijando o neto, a preparação para um casamento. Os personagens são de várias nacionalidades. Em comum, a fé. Enquanto o texto narrado por uma criança diz: “Eu vou contar a Deus tudo. Que você encheu os cemitérios com as nossas crianças e esvaziou os bancos escolares.”  O ponto de vista do terrorista a caminho da sua missão é envolvida pelas cenas cotidianas e felizes de suas futuras vítimas.

Não faltam referências aos horrores provocados pelo fanatismo. Quando surge o diálogo musical entre o terrorista e as vítimas – agora já em cena como se viessem do futuro – quebrando cada um de seus argumentos. “Vou fazer testemunharem que não tem nenhum Deus além de Alá”, diz ele. “Você que vem em nome da morte, ele é o criador da vida”, retruca o avô, com o bebê no colo.

Quase um curta-metragem – são mais de três minutos – a campanha criada pela empresa de telecom Zain, veiculada nas TVs de 9 países do Oriente Médio e África, é um manifesto anti-terrorista. Criada especialmente para o Ramadã, a principal festividade religiosa islâmica, apresenta uma variedade de nacionalidades que pedem a um homem-bomba que não ataque ataques, atraindo sua fé e sentimento de vergonha, com uma leitura mais suave do que significa ser muçulmano.

“Vamos bombardear a violência com piedade,
Vamos bombardear a ilusão com a verdade,
Vamos bombardear o ódio com amor,
Vamos bombardear o extremismo para uma vida melhor.”

No clipe está Hussain Al Jassmi, uma estrela pop dos Emirados Árabes, que reforça no refrão a mensagem conta a violência: “Adore seu Deus com amor e não terror” e “Vamos bombardear o engano com a verdade”. O filme também faz referência à cenas de ataques terroristas reais como um pai cujo filho foi morto em ataque de Bagdá e uma noiva que sobreviveu a um bombardeio que atingiu o seu casamento, na Jordânia. Mas talvez a cena mais forte seja a do menino vestido como Omran Daqneesh, o garoto sírio de 5 anos cuja foto se tornou famosa no ano passado depois que ele foi ferido em um ataque aéreo.

Embora tenha criado uma certa polêmica no mundo árabe – a referência à guerra na Síria não é bem uma disputa que envolve a religião – o filme tem mais de 4,3 milhões de visualizações somente no Youtube.