Solidariedade no terror

23/05/2017

Foto: Andrew Yates/Reuters

A generosidade e o heroísmo que tomaram Manchester após ataque que matou 22 pessoas

Taxista fez corridas de graça. Morador de rua confortou vítima antes de morrer em seus braços. Uma mulher resgatou mais de 50 crianças.

Por Luiza Belloni
Publicado no Huffpost Brasil em 23/05/2017

O atentado do grupo extremista Estado Islâmico que matou 22 pessoas e deixou 59 feridos na noite de ontem (22), no final do show da cantora Ariana Grande, em Manchester, gerou uma onda de solidariedade e heroísmo na cidade inglesa.

Taxistas, hotéis, estabelecimentos e templos fizeram uma força-tarefa para ajudar os primeiros socorros de feridos e confortar pessoas que perderam amigos e parentes no ataque, que foi uma espécie de “vingança” dos jihadistas às ações militares em países muçulmanos. O autor do atentado morreu na explosão de uma bomba de fabricação caseira na área da bilheteria da Manchester Arena, no fim do concerto.

De acordo com a agência Ansa, ao menos 12 crianças e adolescentes estão internadas em estado grave em hospitais de Manchester. Até o momento, duas jovens morreram: Georgina Callander, de 18 anos, e Saffie Rose, que tinha apenas oito anos. Dezenas de crianças e adolescentes continuam desaparecidas.

Logo após a explosão, a área foi isolada pelos seguranças e as ações de solidariedade começaram a aparecer.

Primeiros socorros

Templos Dourados, da religião sikhismo, ofereceram comida e acomodações para parentes de vítimas e feridos.

@Dave_Kirkwood @matthaig1 I am an American. I wish I could do something – anything
I can’t, I know
But I can tell you that my heart is cracked, here, tonight. Cracked

@NadineNardine @Dave_Kirkwood @matthaig1 Sikh Temples in Manchester, UK offering food & accommodation. They are open for ALL people. don’t worry people helping each other. pic.twitter.com/6gsXgceUb9

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“Templos Dourados em Manchester oferecem comida e acomodação. Eles estão abertos para TODAS as pessoas, não se preocupem, pessoas estão ajudando cada um.”

Corridas de graça

Um taxista decidiu trabalhar de graça e ofereceu corridas sem custos para pessoas que precisavam chegar ao local ou que precisavam ir para outros lugares.

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Not just Gurudwaras in Manchester offering victims food & accommodation, this Sikh cab driver is offering free taxi service to the needy

Solidariedade nas redes

As pessoas também utilizaram as redes sociais para tentar localizar amigos e parentes desaparecidos. Uma imagem com telefones de emergência, de hotéis que ofereceram abrigos e hashtags para utilizar ao encontrar alguém, entre outras informações, começou a ser compartilhada.

Em um tuíte, uma adolescente pedia para pessoas encontrarem sua amiga que estava no show e acabaram se perdendo com o tumulto. Um outro usuário a encontrou e informou que ela estava em um lugar seguro.

My friend Heather was at the Ariana concert
She’s wearing a yellow hoodie and I cant get hold of her
If anyones seen her please let me know

My friend Heather was at the Ariana concert
She’s wearing a yellow hoodie and I cant get hold of her
If anyones seen her please let me know pic.twitter.com/e9gvaMNegq

@RileyBlackery She’s safe, we’re at a premier inn right now on Medlock street, we saw her on the street and her phone was dead so we let her stay with us pic.twitter.com/iPY3K8sk1b

“@RileyBlackery ela está segura, nós estamos no Premier Inn agora, na rua Medlock, nós a vimos na rua e a bateria do celular dela tinha acabado. Estamos com ela nesse momento.”

Hotéis de portas abertas

Os hotéis da região também se solidarizaram e receberam os feridos e parentes.

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Heróis de Manchester

Um dos atos mais emocionantes, porém, foi feito por um morador de rua na noite do atentado. Chris Parker, de 33 anos, entrou no Manchester Arena para ajudar as vítimas e confortou uma mulher até a sua morte.

Segundo o site inglês The Independent, Parker costumava pedir esmolas perto do local quando viu a explosão. Em vez de fugir junto com as centenas de pessoas que corriam para fora da arena, o morador de rua decidiu entrar e ajudar as vítimas.

Ele ajudou a retirar uma menina que perdeu uma das pernas com a explosão e, depois, tentou ajudar uma mulher, que sofreu sérios ferimentos. Ela acabou morrendo nos braços de Parker.

A inglesa Paula Robinson, 48, também virou notícia em Manchester por ter ajudado mais de 50 adolescentes e crianças a se esconder em hotel logo após o ataque.

Ela estava na estação de trem Victoria, perto da arena, quando sentiu a explosão e viu dezenas de meninas gritando e correndo para a rua. Ela não pensou duas vezes e levou as adolescentes para um hotel próximo, onde emprestou seu celular para contatar os parentes e prestar os primeiros cuidados.

Robinson usou o Facebook para dar notícias sobre as meninas: “Estamos com aproximadamente 50 crianças esperando para se encontrarem com seus responsáveis. Elas estão seguras e estamos de olho nelas.”

Homenagens nos gramados

Os clubes Manchester United e o Manchester City fizeram homenagens às vítimas do atentado.

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Manchester unites. Colours don’t matter today.

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My thoughts and prayers are with the victims and their loved ones. ??

Let’s stand together. ❤️

#WeStandTogether

Além destes atos, artistas e usuários fizeram uma enxurrada de apoio e homenagens nas redes sociais com as hashtags #WeStandTogether e #PrayforManchester. Ariana Grande foi uma das primeiras a comentar.

broken.
from the bottom of my heart, i am so so sorry. i don’t have words.

“Arrasada. Do fundo do meu coração, me desculpem. Eu não tenho palavras.”