É uma travesti ali?

04/04/2017


Em São Paulo, uma travesti começa a ser hostilizada simplesmente porque está na rua. Alguns concordam – quando ela sai de cena e nem desconfiam que estão sendo filmados. Muitos a defendem (ufa!). O experimento social feito pelo Quebrando Tabu em parceria com a o pessoal do  Eaí?¿ já tem mais de 13 milhões de visualizações, em menos de uma semana de veiculação. Não é um filme fácil de assistir. Porque as cenas iniciais são de um crime bárbaro, gravado sem pudor pelos cúmplices do assassinato da travesti Dandara Santos.

Não foi a primeira vez que a dobradinha Quebrando Tabu-Eaí?¿ fizeram um experimento social sobre homofobia. O primeiro filme (veja abaixo), com um casal sendo constrangido por um ator interpretando um personagem homofóbico, mostrou as pessoas reagindo à violência. A turma do ódio está na contramão de um mundo que está cada vez mais assumindo sua identidade de gênero. De acordo com a publicação Superpride, um estudo realizado revelou que um em cada cinco jovens americanos dos 18 aos 34, já se identifica como LGBTQ.  A pesquisa ainda revelou que hoje em dia, 63% dos jovens entre 18 e 34 anos, inclusive heterossexuais, dizem apoiar a comunidade LGBTQ. Já entre as pessoas acima dos 72 anos, este número cai para 39%.

A morte de Dandara

A travesti dandara dos Santos, 42 anos, foi morta após ser espancada e alvejada com tiros no dia 15 de fevereiro no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza. Dias depois, um vídeo que mostra a travesti sendo espancada viralizou nas redes sociais e o crime ganhou repercussão internacional. Cinco homens suspeitos de participar do assassinato foram presos e três estão sendo procurados. Dias antes do experimento do Quebrando o Tabu, o Ministério Público do Ceará havia dito que o crime não foi motivado por homofobia. Teria sido desconfiança de que ela andava praticando pequenos furtos. E isso ganha uma importância imensa. Porque a vítima ganha um motivo para sofrer a agressão que vai além do preconceito.

Segundo o promotor de Justiça, Marcus Renan Palácio, “há informações nos autos de que Dandara estaria provavelmente, supostamente, praticado pequenos delitos na região. E existem pactos entre esses delinquentes, traficantes de droga que no território que eles comandam não se pratique furto, roubo ou qualquer outro crime. Isso foi o que levou os acusados a praticarem esse hediondo crime”, afirmou o promotor ao G1. Participaram do crime 12 pessoas – quatro são adolescentes e oito maiores.