Fiu-fiu não é elogio

04/12/2014

Em um porão sombrio e hostil, açougueiros cortam diversos pedaços de carne em um ambiente escuro e pesado. Após alguns minutos, uma pessoa – interpretada pela cartunista Laerte – adentra sem pressa pelo açougue chamando a atenção de todos os açougueiros e dá play em uma música chamada “Fiu Fiu” – da banda paulista Filarmônica de Pasárgada.

Em uma batida de funk, a música é embalada pelos versos “Quando eu passo você olha, assobia faz fiu fiu. Na muvuca do metrô. No abuso do busão .Tira o olho. Tira a mão”. A partir deste momento, percebe-se que o vídeo se trata na verdade de um clipe musical que utiliza essas cenas de forma bem humorada  como metáfora para situações machistas, bem comuns, em que as mulheres são tratadas como um “pedaço de carne” por alguns homens. Remete também ao assédio que elas sofrem nas ruas.

O  clipe mostra que o assobio não é um elogio e que, ao contrário, ofende as mulheres. “Queríamos expor a violência do ‘fiu fiu’ que, por trás dessa pseudo brincadeira, tem uma agressividade no ato nada cordial. O que justifica outros tipos de violência”, conta Marcelo Segreto, compositor da banda em entrevista ao site Catraca Livre.

O diretor Thiago Ricarte explicou para o site Catraca Livre que a excolha de Laerte  para o clipe se deu por conta de sua militância contra o preconceito e  histórico de luta dos direitos das mulheres e transgêneros. É importante lembrar que Laerte esteve envolvida em uma polêmica quando foi impedida de entrar em um banheiro feminino de um restaurante, dando inicio a uma batalha judicial pelos seus direitos. Essa cena é retratada ao final do vídeo.

Assobie para a sua mãe!

Nos últimos dias, o vídeo acima tem circulado com frequência pelas rede sociais. Trata-se da campanha Assobie para a sua mãe!, feita pela marca de produtos fitness Everlast para mostrar essa forma de assédio na ruas em uma perspectiva diferente. Para isso, foram detectados homens que cometem essa forma de assédio com frequência nas ruas e as mães deles convencidas a se disfarçarem para serem cantadas pelos próprios filhos. A ideia da campanha através dessa situação constrangedora é provocar e questionar esses homens se eles gostariam que suas mães ou filhas fossem assediadas.

No Peru, cerca de 10 milhões de mulheres são vitimas de perseguições na ruas. Somente m Lima, capital do país, sete de cada dez mulheres sofrem essa forma de assédio sexual nas ruas.