17/06/2016

Intolerância

Isto não é de Deus.

Isso não é de Deus

17/06/2016

https://twitter.com/WBCSaysRepent/status/742012037572628482?ref_src=twsrc%5Etfw

Não, você não viu errado. Esta é a conta oficial no Twitter de uma igreja  fundamentalista “cristã” dos EUA, a Westboro Baptist Church, conhecida pela homofobia extremada e pelos inflamados discursos de ódio do seu líder, o pastor Fred Phelps. Logo após a divulgação do massacre de Orlando que fez 49 vítimas fatais em uma boate LGBT em Orlando, uma série de cultos dessa igreja classificaram o ato como obra “divina”.

A igreja, que fica na cidade de Topeka, Kansas, existe desde 1955 e é formada basicamente pela família de Phelps (71 membros em 2007, segundo a Wikipédia) é descrita como um grupo que pratica discurso de ódio e é acompanhada como tal pela Liga Anti-Difamação e pelo Southern Poverty Law Center.

A WBC não é afiliada com qualquer uma das convenções ou associações conhecidas da Igreja Batista. Organizadora de piquetes contra homossexuais, judeus e católicos, a igreja se descreve como seguidora da igreja batista primitiva e dos princípios calvinistas, embora a grande maioria dos batistas primitivos e calvinistas rejeitem a WBC e Phelps. Costumam invadir funerais de personalidades, como o do lutador Mohamed Ali, e militares para ganhar atenção da mídia. O próprio site da igreja denuncia sua orientação homofóbica: www.godhatesfags.com ( algo como deus odeia “bichas”) .

A Westboro já havia feito o mesmo tipo de manifestação em junho do ano passado, quando nove pessoas negras foram assassinadas por um atirador em uma igreja na cidade de Charleston. Veja o tuíte abaixo, que gerou uma onda de revolta e até ataques dos cyberativistas do Anonymous.

https://twitter.com/WBCSaysRepent/status/612447085380677632?ref_src=twsrc%5Etfw

Extrema direita cristã celebra ataque que matou ‘pecadores’

Matéria de Cláudia Trevisan – Enviada Especial/Orlando, EUA

Publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 16/6/2016

Pastores radicais espalham discurso de ódio em redes sociais e dizem que ‘Deus enviou atirador’ à boate.

O massacre de 49 pessoas no clube noturno Pulse, de Orlando, está sendo celebrado por alguns integrantes da extrema direita cristã dos EUA como uma obra divina destinada a eliminar “pecadores” da face da Terra.

A ameaça de uma das organizações mais extremistas de realizar manifestações em Orlando levou o principal grupo LGBT da cidade a pedir proteção policial e a realizar revistas nas bolsas e mochilas dos visitantes.

Considerada um grupo de ódio por entidade que monitora esse tipo de atividade, a Igreja Batista Westboro é a mais célebre representante da retórica anti-LGBT ente os fundamentalistas cristão do país. Seu website é godhatesfags.com (deusodeiaveados.com) e sua principal missão é o ataque a homossexuais.

Poucas horas depois da tragédia, o grupo celebrou o massacre em sua conta no Twitter: “Deus mandou o atirador para #Pulse em Orlando!”.

Em sermão realizado no domingo em Sacramento, na Califórnia, o pastor Roger Jimenez, da Igreja Batista da Verdade, também comemorou o ataque. “Vocês estão tristes porque 50 pedófilos foram mortos hoje?”, perguntou. “Eu acho que foi fantástico! Eu acho que isso ajuda a sociedade. Eu acho que Orlando, Flórida, está um pouco mais segura hoje.”

O mesmo tom foi adotado por Steven Anderson, da Igreja Batista da Palavra Fiel, sediada em Tempe, Arizona. “Eu não estou triste com isso, eu não vou chorar, porque essas 50 pessoas baleadas no bar gay iriam morrer de aids, de sífilis ou de outras coisas”, declarou.

O evangelista e técnico de futebol colegial “Coach” Dave Daubenmire disse que o massacre é parte de uma estratégia para promover o controle de armas.

“O demônio está disposto a sacrificar alguns dos seus para chegar a nossos grandes jogadores”, afirmou na segunda-feira em seu programa Pass the Salt.

Anteontem, a Westboro disse que enviaria seguidores a Orlando para expressar apoio ao massacre, principalmente durante o sepultamento das vítimas.

Segundo o Courier-Journal, alguns seguidores da igreja protestaram durante o funeral do boxeador Muhammad Ali, na semana passada, por ele ter rejeitado o cristianismo e se convertido ao islamismo.

“Quando vimos que um grupo de ódio expressou nas redes sociais a intenção de vir a Orlando, nós decidimos pedir proteção policial”, disse ao Estado Terry DeCarlo, diretor executivo do Centro LGBT para a Flórida Central, que se transformou em um dos principais locais de apoio às famílias das vítimas e aos que escaparam com vida do massacre. Ontem havia uma viatura policial na porta da entidade e um oficial dentro da sede.

A comunidade gay também se mobilizou para combater manifestações da Westboro.

No Facebook, a página “Manifestantes contra Westboro” buscava voluntários para proteger os funerais das vítimas do massacre. A orientação é que as pessoas cheguem aos locais com antecedência e impeçam a aproximação de seguidores da igreja. A principal instrução é ignorar os manifestantes: “Não fale com Westboro. Vire as costas e permaneça em silêncio. Paz para as famílias. Traga tampões de ouvido se você não quiser ouvir sua intolerância hedionda.”