24/06/2016

Evasão

A engenhosidade da propaganda a serviço da educação.

Óculos de papel

24/06/2016

No México, 75% dos alunos que abandonam a escola têm problemas relacionados à visão. De acordo com educadores, eles começam a se sentir inadequados por não conseguir acompanhar as lições. Obviamente, o problema é mais agudo nas comunidades mais carentes. Em muitas delas, é bem difícil conseguir um médico próximo para conseguir fazer um diagnóstico.  A ajuda, quem diria, veio da propaganda.

A campanha “Paper Glasses” da Save the Children e da EditoraSantillana (México) produzida pela agência Grey ganhou dois Leões de Ouro, 1 de prata e outro de Bronze no Festival de Cannes 2016 com uma ideia engenhosa, embora bem simples de executar. Distribuiu óculos de papel que permitem fazer um teste visual eles próprios. O material foi todo distribuído dentro dos livros didáticos da Editora Santillana.

Como o próprio nome indica os ” óculos de papel” são feitos de 150 gramas de papel com furos de 2 mm, mesmo valor de distância entre eles, e produzem o chamado efeito estenopêico. As lentes têm uma peça extra de 5 centímetros de papel que adere à estrutura facilmente sem utilizar qualquer material. As instruções são bem fáceis de seguir pelas crianças: basta colocar o óculos e contar para o professor se conseguiram notar mudanças, para melhor, no campo de visão.

Nos testes iniciais, o papel lentes identificou que 10% dos alunos precisavam de óculos mas não sabiam. No total, foram distribuídos 3 milhões de óculos de papel.

No Brasil

Segundo estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), 25% dos escolares do ensino fundamental podem apresentar alguma perturbação oftalmológica, ao passo que 10% dessa faixa etária estudantil pode necessitar de óculos. O Ministério da Saúde, por sua vez, aponta que 15% das crianças da 1ª à 9ª séries de escolas municipais e estaduais precisarão de consultas oftalmológicas. Dessas, 15% demandarão óculos. Os dados são de 2014.

Os erros de refração (miopia, astigmatismo e hipermetropia) não corrigidos são a principal causa de deficiência visual em crianças escolares, não só no Brasil, como também na América Latina e no resto do mundo. As falhas refrativas não solucionadas antecipadamente podem desencadear ambliopia, ou o chamado “olho preguiçoso”, que é a maior causa de cegueira monocular infantil e atinge 4% das crianças brasileiras.