Elas perdoam demais

07/08/2017

As mulheres perdoam demais’: O encontro de Luiza Brunet e Maria da Penha no ‘Altas Horas’

A ex-modelo relembrou violência sofrida e dividiu o debate com a mulher que é o símbolo nacional contra a violência de gênero.

Por Ana Beatriz Rosa – Repórter de Vozes, Mulheres e Notícias
Publicado em HuffPost Brasil

No último sábado (5), o programa Altas Horas promoveu um encontro especial: Luiza Brunet e Maria da Penha dividiram o palco para compartilhar suas histórias (confira o vídeo aqui).

Maria da Penha foi vítima de violência doméstica em 1983, quando ainda não existia delegacias para mulheres.

Hoje, ela dá nome a principal lei de proteção às vitimas de violência doméstica. No programa, ela relembrou a sua história e a relação de agressão com o ex-marido. Maria da Penha enfrentou 9 anos em busca de justiça.

Luiza Brunet também participou do debate sobre violência de gênero. Ela deixou um recado para as mulheres:

“O homem quando agride a mulher ele agride aos pouquinhos. A violência psicológica é terrível, destrói a nossa existência. As mulheres perdoam demais. A gente precisa se encorajar para coibir essas violências. E a única maneira de parar com isso é fazendo a denúncia.”

No Brasil, a cada hora, mais de 500 mulheres são violentadas, espancadas ou ameaçadas. Em 2016, foram 4,4 milhões de mulheres vítimas de alguma agressão.

Apesar do alto índice de ocorrências, 52% das mulheres não denunciaram a violência sofrida. Ainda, das mulheres que denunciam, cerca de 70% retiram as denúncias contra seus agressores. Isso porque as mulheres que resolvem não se calar enfrentam o medo, a insegurança e o desamparo.

Ao HuffPost Brasil, a promotora de Justiça Gabriela Mansur chamou a atenção para a ausência do Estado como um dos fatores que perpetua casos de agressão e feminicídio no País.

“Enquanto não for prioridade de investimento público, destinação de verba, aprimoramento dos atendimentos, credibilidade da palavra da vítima, deixar pessoas especializadas em estratégias de políticas públicas e criminal, não vamos conseguir diminuir os índices de violência contra a mulher.”