Pimp my carroça

18/07/2017

‘É preciso amplificar a voz dos catadores em meio ao discurso ambiental’

Tatiana Vasconcellos e Fernando Andrade conversaram com o artista visual Mundano, idealizador do projeto ‘Pimp my carroça’. Ele explica que, atualmente, pelo menos dois milhões de pessoas sobrevivem com o que ainda classificamos como lixo. Os catadores, segundo Mundano, são verdadeiros agentes públicos. Ele comenta ainda que o processo de reciclagem no Brasil é vergonhoso.

Mundano é o idealizador do projeto 'Pimp my carroça'. Foto: Divulgação/Facebook (Crédito: )

Mundano é o idealizador do projeto ‘Pimp my carroça’. Foto: Divulgação/Facebook

O Pimp My Carroça é um movimento social, cultural e ambiental que tem como objetivo dar visibilidade aos catadores de materiais recicláveis por meio da arte e da participação coletiva. A proposta é fazer uma reforma estrutural e instalar itens de segurança nas carroças, que depois são pintadas por artistas e grafiteiros. Enquanto isso, os catadores passam por atendimentos nas áreas de saúde e bem-estar em um dia de muita música e vivência cultural.

O movimento já atendeu 851 catadores, com a participação de 773 artistas e grafiteiros, além de 1,613 voluntários. E já expandiu para 12 países e 43 cidades.

As primeiras carroças grafitadas surgiram em 2012, com a primeira edição do Pimp my Carroça, financiado por projeto de crowdfunding (arrecadou 167% da meta no Catarse) e lançado durante a virada sustentável em São Paulo. Em menos de um ano, o movimento se expandiu para o Rio de Janeiro e Curitiba.

No TEDX

Rafael dos Santos, conhecido como Bahia, é catador de recicláveis há 30 anos foi um dos palestrantes do TEDX. Nascido em Jequié/BA, chegou em São Paulo na década 60, na época com 11 anos. Já trabalhou como tratorista, marteleteiro, eletricista, pedreiro, já foi dono de um ferro velho na Mooca, São Paulo e muitas outras profissões. Casado, com 10 filhos e 9 netos, mora em um prédio ocupado no centro de São Paulo.

Ele é um dos participantes mais carismáticos do Pimp My Carroça, desde a primeira edição do projeto emocionou a equipe com tamanha vontade e disposição para lutar conosco por mais visibilidade. Se envolveu, trouxe dezenas de catadores para o projeto, deu entrevistas para canais nacionais e internacionais, participou de eventos e palestras, foi homenageado com uma placa de rua com seu nome, e até ganhou o prêmio Catador Porta-Voz das mãos do Emicida. Uma jornada que o levou a representar a categoria das dezenas de catadores trabalhadores do centro de São Paulo, e reivindicar por direitos em uma reunião dentro da Prefeitura.