Silêncio constrangedor

17/01/2018

Todos já tivemos este momento: um amigo ou alguém amado se sente para baixo, talvez até deprimido, mas não temos certeza de como entrar no assunto. Será que eles se ofenderão? Pode fazer com que se sintam pior?

Esses medos podem nos convencer de que ficar em silêncio é a melhor aposta, mas não é bem assim. Abordar o outro com franqueza pode ajudar e mais que isso: prevenir um problema mais grave, até um suicídio. Esta é a mensagem da campanha Seize the Awkward, lançada hoje nos EUA, que pretende estimular a população a superar o constrangimento e dar suporte a alguém que realmente possa precisar.

O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens adultos nos EUA. Além disso, para cada suicídio juvenil, estima-se de 100 a 200 tentativas.

A campanha nacional, que sai com a assinatura institucional do governo por meio do Ad Council,  é uma parceria da Fundação JED, Fundação Americana para Prevenção de Suicídio e  criação da agência Droga5. Mas tem suporte do BuzzFeed, Chegg, Colossal Media, Facebook, Jacksonville Jaguars, Reddit, Upworthy, Wattpad e YouTube  – com a participação de youtubers que constam suas próprias experiências ao enfrentar problemas de saúde mental  incluindo Hannah Hart, Liza Koshy, Markiplier, Meredith Foster, Orion Carloto, Remi Cruz, Shannon Beveridge, Tyler Oakley e Tyler Pose

O protagonista  é feito pelo ator da Brodway, Gideon Glick, que aparece nos cenários mais estranhos e em situações constrangedoras: dois jogadores de futebol  em um banheiro, um casal nu olhando para o teto. “Um silêncio constrangedor pode realmente ser o momento perfeito para chegar num amigo e perguntar se ele está bem, se parecerem para baixo”, diz Glick. “Começar a conversa agora pode impedir que algo pior aconteça mais tarde”.

Essa parte “muito pior” sugere algo que nunca é mencionado diretamente no vídeo: o suicídio.

Embora a campanha não contenha uma mensagem explícita sobre a prevenção do suicídio, ela foi criada para forma de aumentar a conscientização sobre saúde mental, incluindo pensamento suicida e  fatores de risco. O site da campanha tem dicas sobre sinais de alerta e conselhos sobre como ouvir o outro pode uma ótima ajuda. (Exemplo: “Não precisa ser um especialista. Apenas seja um amigo.”)

Millenials

Christine Moutier, diretora médica da Fundação Americana para Prevenção do Suicídio, diz que a campanha reflete a mudança de atitudes sobre saúde mental e suicídio, particularmente entre a chamada geração millenials.

Mas ela diz que há uma “desconexão entre a tremenda abertura de mentalidade e o que realmente acontece quando uma pessoa percebe que um amigo ou membro da família pode estar em risco”.

A campanha destina-se a ajudar as pessoas a construir um conjunto de habilidades para fechar essa lacuna. É por isso que o site tranquiliza os usuários de que eles não precisam ser um especialista no que seu amigo está enfrentando para fornecer suporte. E também fornece dicas práticas sobre como ter conversas difíceis. Oferecer conselhos ou tentar consertar o problema de um ente querido não é aconselhável. Fazer perguntas de um jeito aberto é uma ótima estratégia, deixando que o outro desabafe sem travas ou censura.

Confira todos os filmes da campanha aqui.