Bola para frente

13/06/2017

Os buracos de bala, espalhados nas paredes de Favela do Muquiço, mostram que a violência está sempre ao virar da esquina neste um dos bairros mais violentos do Rio de Janeiro. A área é ignorada pelo governo e pelos policiais. É controlada por crime, que usa crianças como força de trabalho no tráfico de drogas.

O Instituto Bola Pra Frente, sem fins lucrativos, está trabalhando na favela para manter as crianças longe do tráfico de drogas através de esportes e educação. Para alcançar a comunidade são necessários métodos não ortodoxos. Para divulgar a atuação da ONG, fundada pelo jogador Jorginho, campeão da Copa do Mundo de 1994, a Agência3 transformou os buracos de balas nos muros da favelas em outdoors.

Os grafittis foram feitos por um ex-aluno do Instituto, Igor Izy. Ele criou imagens onde os furos de bala tornaram-se elementos de um esquema tático de futebol, acompanhados pela mensagem: “A vida muda dentro das quatro linhas”.

Fogo Cruzado

Um aplicativo desenvolvido por uma jornalista com o apoio da Anistia Internacional mostra que o número de trocas de tiros no Rio de Janeiro é três vezes maior do que as estatísticas divulgadas pelo governo. São 13 tiroteios por dia, em média. A informação é de uma reportagem feita pela Revista Piauí.

Fogo Cruzado é uma plataforma digital colaborativa, desenvolvida com apoio da Anistia Internacional e lançada onze meses atrás. O aplicativo já somou 4 398 trocas de tiros – quase três vezes mais do que os números propalados pela Polícia ou notificados pela imprensa (1 669). Os conflitos geraram 1 133 vítimas fatais, nas contas do Fogo Cruzado – a Polícia ou a imprensa divulgaram 747 vítimas. Já o número de feridos notificados pelo serviço é de 1 171, ante 925 nas contas oficiais.

O banco de dados do aplicativo é abastecido a partir de relatos enviados pelos cerca de 60 mil usuários do serviço. Em seguida, os números são checados com lideranças comunitárias e fontes locais para saber se os incidentes de fato aconteceram – quando também é possível precisar o número de mortos ou feridos. O passo seguinte é cruzar as informações com as notificações oficiais da Polícia Militar e com as notícias veiculadas pela imprensa. Somente ao final, os dados viram ícones no mapa de trânsito.