21/09/2016

Misoginia

Jornal peruano adere à campanha contra impunidade.

Da capa às ruas

21/09/2016

Em 2015, 293 mulheres no Peru foram mortas por seus parceiros e 198 sofreram tentativas de assassinato. Até agosto de 2016, 172 feminicídios foram cometidos. De acordo com dados oficiais, 32% das peruanas já sofreram algum tipo de violência ou abuso sexual. A maioria (75%) tem menos de 18 anos (confira mais dados aqui). Apesar dos dados alarmantes, a esmagadora maioria delas e suas famílias jamais conseguiram proteção ou Justiça. Em resposta à onda de misoginia, foi organizada no país a primeira marcha de mulheres contra a impunidade.

O jornal Peru21, um dos maiores do país,  resolveu  contribuir com a mobilização estampando na capa do jornal palavras de ordem -“violência não é amor”, “calar é também ser cúmplice” e “ninguém tem o direito de te tocar”, entre outros. A capa do jornal também serviu como cartaz para ser usado na marcha Nos Tocan a una a una, tocan a todas (mexeu com uma, mexeu com todas). A criação é da McCann Lima.

Considerada a maior manifestação popular do Peru, a Marcha aconteceu em 13 de agosto em várias cidades simultaneamente. Somente em Lima, mais de 750 mil pessoas marcharam pelas ruas e se concentraram em frente ao Palácio da Justiça cobrando o fim da impunidade. A manifestação foi organizada pela ONG Ni Una Menos.

População indígena tem mais vítimas

Um estudo encomendado pelo Ministério da Educação do Peru revela que o acesso à Justiça para as menores indígenas vítimas de violência sexual é particularmente complicado. Segundo o relatório, elas estão expostas aos seus agressores em todas as esferas da vida: na escola – o agressor muitas vezes é professor da vítima –, em casa ou no bairro, quando os pais saem para trabalhar na lavoura. Por outro lado, segundo dados recentes do Ministério da Mulher, entre 3.123 casos de abuso sexual atendidos neste ano pelos Centros de Emergência da Mulher (CEM), 46,7% correspondiam a adolescentes de 12 a 17 anos, e 25% a meninas de 6 a 11 anos.