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A cultura do transporte individual

 

É impossível ser feliz sozinho.

 

Total de menções captadas: 136.651.

 

farolNão é difícil notar qual é o verdadeiro manda-chuva das ruas nos grandes centros urbanos no Brasil: o automóvel. Trânsito, poluição, degradação ambiental, individualização do transporte, desumanização da mobilidade urbana, custos, acidentes, etc. Esses são só alguns dos problemas causados pelo uso excessivo do transporte individual.

Não é de hoje que a cultura do transporte individual é propagada aos quatro ventos em território canarinho, quase sempre reforçada pelo estereótipo do sonho americano, pelo apelo cinematográfico e, principalmente, pela convicção das autoridades, que por muitos anos deram total prioridade aos automóveis, deixando de lado todas as opções mais sustentáveis de mobilidade urbana. Com o tempo, essas políticas fortaleceram ainda mais o estereótipo de que a posse de um transporte individual seria sinônimo de sucesso, por isso o desenfreado consumo por automóveis no Brasil – já estamos na média de um carro para cada quatro pessoas no País.

O que confirma esse cenário preocupante é que, durante o monitoramento, registramos mais de 40% das menções falando sobre o desejo de possuir um automóvel; mais 31,2% falando sobre seus carros. Números que confirmam como a individualidade do transporte é ponto pacífico não só na cabeça do brasileiro, mas também em suas redes sociais.

Os fatos só tornam todo esse cenário muito mais grave. A estimativa de Gustavo Faibischew, pneumologista do Hospital das Clínicas, é de que nada menos do que dez pessoas morrem por dia por problemas diretamente atribuíveis à poluição dos carros em São Paulo2. Ainda sobre a metrópole paulista, mais de 90% da poluição é causada pelos carros (dados da CETESB). E os problemas causados à saúde não acabam por aí: as estatísticas do Ministério da Saúde mostram que apenas em 2014 foram registradas 43.075 mortes por acidentes de trânsito no País3, três quartos da quantidade de americanos mortos na Guerra do Vietnam (58 mil).

Por todo esse caos causado pela individualidade no transporte, o CQM analisou 71.705 menções em todas as redes para responder a algumas perguntas capitais sobre a mobilidade. Qual o comportamento das pessoas nas redes sobre o transporte individual? Como as pessoas falam sobre seus carros/motos? Elas sabem dos impactos negativos que o automóvel tem causado? As respostas começam a aparecer em seguida.

 

Sentimento sobre a cultura do transporte individual

PIZZA CULTURA 1

De todo o universo qualificado, 43,7% das menções falaram em priorizar o transporte individual, em muitos casos exaltando o conforto/qualidade do automóvel e desqualificando  alternativas. O número vai ao encontro da realidade dos grandes centros do País. O grupo de pessoas que mencionaram de forma positiva o transporte coletivo e suas alternativas somou 29,5%, porcentagem parecida com a das menções neutras (quando não há expressão de opinião sobre o assunto), com 26,8%. A diferença de 14 pontos percentuais entre os defensores do transporte individual e os advogados do coletivo/alternativo demonstra como o brasileiro tende a priorizar o transporte individual ao coletivo.

 

Desejo sobre o transporte individual

PIZZA CULTURA 2De todas as menções que citavam um tipo de transporte individual, deu o esperado: mais de 40% do monitoramento afirmou desejar/querer possuir um transporte individual. Ou seja, a cada 4 comentários que citam moto/carro, um deles é alguém querendo comprar um veículo. Ainda assim a diferença entre os dois veículos é grande. Enquanto 31,2% falavam de carros, metade disso falou sobre motocicletas (15,9%). Apareceu com força uma opção de mobilidade remunerada, a do Mototáxi, modalidade muito utilizada em várias regiões do Brasil.

“…já estamos na média de um carro para cada quatro pessoas do Brasil”

 

Exemplos

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Temas mais falados – Transporte Individual

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Dos temas mais falados sobre a cultura do transporte individual no geral, o maior destaque é para o desejo do brasileiro por adquirir um veículo, ficando no topo dos assuntos mais falados, com 58,9% do universo de menções. Outro destaque do monitoramento é o medo do transporte individual, com 10,5% de pessoas que temem dirigir ou se tornarem vítimas de acidentes. Os outros temas tiveram opiniões divididas, com destaque para os 11,1% que citavam os serviços dos mototaxistas (seja de forma positiva, negativa ou neutra); também os 2,5% que citaram a perigosa combinação de bebida e direção. Pequenas em quantidade, mas notáveis por aparecerem no Brasil, do álcool, da gasolina e do diesel, são as menções aos carros elétricos, que somam 2,5%.

 

Volume de menções por dias da semana

A média de menções feitas por dia é estável, com picos para o assunto nas sextas e nos sábados, quando os usuários mais falam sobre o transporte individual.

 

Média de menções por hora (Média de agosto/setembro)

ELETRO CULTURA

Durante o dia, pode-se notar que o tema vai ganhando aceleração nas redes na parte da manhã e atinge seu primeiro pico por volta das 16h e o maior por volta das 22h. Vê-se que se fala mais do assunto à tarde (quando a maioria dos usuários está no trabalho) e à noite (quando a maioria já está em casa).

 

Mapa de calor do Brasil (Twitter e Instagram)

Onde mais se falou sobre transporte individual foi no Rio de Janeiro, com 32,4% das menções. São Paulo ocupou o segundo, com 16,8%. Na terceira posição, aparece Minas Gerais, com 7,6%.

 

Grapho de conexão dos posts

graphocult

 

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@whindersson (webcelebridade, seu canal do YouTube possui mais de 12 milhões de seguidores) – nó azul à esquerda.

 

@luscas (perfil de humor famoso no Twitter, com mais de 1,6 milhão de seguidores) – nó laranja à direita.

 
 
 
 
 
 

Nuvem de termos – Cores com sentimentos

 

cap2_NUVEM1

O tamanho de cada palavra é proporcional à frequência de postagens durante o período analisado.

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