Pra que levar a vida em preto e branco
Homofobia
A maioria das menções de conteúdo homofóbico durante os Jogos foi negativa em mais de 80% dos comentários. Entretanto, vale destacar o fato de que existiram cerca de 16% de menções positivas. Elas tiveram o intuito de desconstruir os discursos intolerantes, destacando a importância da representatividade das diversas orientações sexuais no esporte.
Também ficou evidente que, independentemente da orientação sexual assumida pelos atletas, existem modalidades que provocam uma maior onda de comentários homofóbicos, como, por exemplo, a ginástica artística, os saltos ornamentais e o vôlei, para os homens, e o rúgbi, com relação às mulheres.
Dados coletados nas redes sociais sobre homofobia
(DAS 18H DE 5/8/2016 ÀS 23H59 DE 21/8/2016) MONITORAMENTO BY TORABIT
Número de menções captadas:
10.760
Nuvem de termos:
Mapa de calor (Brasil):

Como mostra o mapa de calor, a quantidade de comentários por Estado foi bem dividida, com um foco maior no Rio de Janeiro, também por ser o local onde as Olimpíadas ocorreram.

Encontramos aqui uma clara divisão entre comentários intolerantes visíveis e invisíveis, principalmente pelo fato de que muitas pessoas que fazem tais comentários não têm a intenção de diminuir o outro por sua orientação sexual.
Boa parte dos comentários intolerantes é invisível, onde pessoas usam a palavra “viado” em frases corriqueiras, sem ter consciência do tipo de intolerância que estão reproduzindo. O cenário durante os Jogos foi diferente do visto na análise geral do Dossiê anterior, quando 78% das menções foram visíveis.
Podemos perceber que praticamente dois terços dos comentários monitorados são relacionados a casos reais, nas quais pessoas são caracterizadas não por suas habilidades esportivas, mas, sim, por sua orientação sexual. O índice observado durante as Olimpíadas, de cerca de 66%, foi praticamente o mesmo do cenário geral analisado no estudo anterior, quando 67% das menções foram reais.
Há ainda certas modalidades esportivas que são relacionadas pelo público à sexualidade dos atletas, como a ginástica artística, os saltos ornamentais e o vôlei, considerados femininos demais para os homens, ou o rúgby, visto como muito masculino para as mulheres.
Mais de 84% das menções captadas se referiam de forma negativa a questões LGBTQ. No entanto, muitos usuários não têm consciência da reprodução do preconceito e da intolerância ao usar apelidos e pequenas frases, escritas normalmente em tom de brincadeira. Porém, é interessante ressaltar que diversos comentários positivos buscaram destacar os atletas homossexuais e exaltar a representatividade das diversas orientações sexuais no meio esportivo. O número de menções positivas subiu consideravelmente, de 5%, no Dossiê anterior, para mais de 16% durante as Olimpíadas.
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