Não existe racismo no Brasil?
Racismo
Para o racismo, destaca-se o fato de a maior parte das menções ser neutra, com mais de 56%, superando o número de comentários negativos, que ficaram em cerca de 39%. Apesar de mais de um terço das menções ainda reforçar o preconceito racial, chama atenção o fato de os números do monitoramento para as Olimpíadas revelarem muito menos comentários intolerantes do que o que foi encontrado no Dossiê para toda a internet, em que quase todos os comentários (97,6%) eram negativos.
Além disso, quase 80% das menções durante os Jogos foram invisíveis, quando a pessoa não tem consciência de que o comentário tem cunho racista, o que mostra como o preconceito racial no Brasil é velado.
Dados coletados nas redes sociais sobre racismo
(DAS 18H DE 5/8/2016 ÀS 23H59 DE 21/8/2016) MONITORAMENTO BY TORABIT
Número de menções captadas:
5.242
Nuvem de termos:
Mapa de calor (Brasil):
Rio de Janeiro é a região com o maior número de menções, seguida de São Paulo. Nos demais Estados, o número de menções é bem distribuído.
Quase 80% das menções são invisíveis, isto é, o interlocutor não está ciente da crítica ou menção feita em relação ao racismo. Já 20,1% das menções são visíveis, isto é, o interlocutor está ciente do que está sendo dito, independentemente de os comentários serem ou não negativos.
A maioria das menções (70,4%) é destinada a atletas ou grupo de atletas em específico, como “esses negros da seleção de basquete dos EUA jogam muito”. Por outro lado, 30% das menções possuem um cunho genérico, não especificando a menção, como “só tem preto no atletismo”. No gráfico sobre intolerância racial em geral no Brasil, temos 52% das menções abstratas, número menor em comparação ao gráfico das Olimpíadas. Vemos essa diferença no discurso pelo fato de as menções aos Jogos serem destinadas a atletas e pessoas específicas.
A maioria dos comentários ressalta a beleza dos atletas negros, tanto homens como mulheres, como “que negro bonito”. Apesar de caracterizar o atleta pela cor da pele, as menções muitas vezes não desqualificam a cor ou a etnia, o que coloca 56,3% dos comentários como neutros. Por outro lado, há comentários que, mesmo não tendo a intenção de ofender, possuem um teor racista, como “é negra, mas é bonita”.
O gráfico das Olimpíadas diferencia-se do cenário nacional, que possui um número de menções negativas de 97%. A diferença está presente porque nas Olimpíadas grande parte dos comentários raciais não foram mal intencionados, somente teciam comentários de maneira imparcial (56,3%).
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