Nem todo mundo pode

03/03/2016

“Nem todo mundo pode comer camarão. Nem todo mundo pode com o glúten. Nem todo mundo pode consumir a maconha.” – Bob Vieira da Costa, CEO da nova/sb.

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No ano passado, a nova/sb lançou o Comunica Que Muda, um projeto de comunicação de interesse público que busca qualificar a discussão sobre temas polêmicos como a descriminalização da maconha, o suicídio, a intolerância, o uso do carro e a gestão do lixo. No dia (02/3), foi realizado o primeiro debate (confira no vídeo abaixo) sobre a descriminalização da maconha, com o humorista Gregório Duvivier, o advogado Pedro Abramovay, o psiquiatra Valentim Gentil, a jornalista Barbara Gancia e o criador do Voz da Comunidade, René Silva.

A mediação foi do jornalista e professor da ESPM, Caio Tulio Costa. Todos os participantes se posicionaram a favor da descriminalização, atualmente em debate no STF (leia mais sobre o andamento do processo neste post). Para  Gregório Duvivier, o controle do consumo pela ótica da saúde, feita pelo governo, é muito melhor para a sociedade que a forma atual, exercida pelo tráfico. Ele lembrou que a repressão só recai sobre os negros e pobres. “É preciso acabar com a hipocrisia”, reforçou. “A guerra às drogas é o que a gente sente na pele todos os dias. Se alguém for pego usando maconha no Alemão é tratado como traficante”, afirmou René Santos.

“Eu já li em sentença que o juiz condenava um homem portando 5g de maconha porque ele era morador da favela”, contou Pedro Abramovay.

Para Bárbara Gancia, que dividiu seu problemas com consumo de álcool e drogas, um dos maiores problemas é a falta de informação sobre a maconha – e as drogas em geral. Um tema que também foi abordado pelo Dr. Valentim Gentil e mereceu um post separado (veja aqui).

O debate é apenas uma parte do projeto, que foi iniciado com um desafio a estudantes e recém-formados: como fazer a comunicação da descriminalização da maconha. O CEO da nova/sb, Bob Vieira da Costa, já deu algumas ideias para os nove selecionados para a tarefa. “O  nosso briefing  para esse desafio  ficou muito forte no debate. É que nem todo mundo pode. Nem todo mundo pode consumir camarão. Nem todo mundo pode com o glúten. Nem todo mundo pode usar maconha, antes dos 21 e depois do 45. O esforço de explicar que nem todo mundo pode. Talvez esta seja uma das sínteses que tenhamos de trabalhar”, concluiu.