24/10/2016

Maconha

Eleição pode ser ponto de virada para legalização nos EUA

Maconha nos EUA

24/10/2016

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Yvonne Varela pesando maconha para preencher cigarros na Harborside, um dispensário de cannabis medicinal em Oakland. Foto: Jim Wilson/The New York Times

Eleição pode ser ponto de virada para legalização da maconha nos EUA

Com informações do New York Times, por Thomas Fuller, em 24/10/2016.

Ao mapa vermelho e azul da política norte-americana, pode ser o momento de se adicionar o verde. O movimento para legalização da maconha, a droga ilícita mais popular dos EUA, pode dar um grande salto no dia da próxima eleição, caso a Califórnia e outros quatro Estados votem para permitir o uso recreativo da cannabis, como sugerem as pesquisas.

Ao mapa de onde a maconha é legal pode ser incluído toda a costa oeste dos Estados Unidos e uma série de estados que vão desde o Oceano Pacífico até o Colorado, criando um grande desafio para que o governo federal consiga banir o uso da droga.

Além da Califórnia, Massachusetts e Maine votarão sobre a legalização no próximo mês, e em ambos é provável que a iniciativa seja aprovada. Arizona e Nevada também votarão sobre a liberação da maconha recreativa, com as pesquisas apontando que em Nevada os eleitores estão divididos.

A aprovação de leis para o uso recreativo da maconha no Alasca, Colorado, Oregon e Washington nos últimos quatro anos parece ter destrancado a porta para uma eventual legalização federal. Mas uma vitória do sim na Califórnia, que conta com uma economia similar a de grandes países industriais, pode abrir de vez essa porta, de acordo com especialistas.

“Caso o sim seja bem sucedido, será o início do fim da guerra contra a maconha”, afirmou Gavin Newson, vice-governador da Califórnia e ex-prefeito de São Francisco. “Se a Califórnia aprovar, isso irá colocar mais pressão sobre México e América Latina, o que irá reacender o debate sobre a legalização nesses locais”.

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Algumas das opções disponíveis no Harborside. Foto: Jim Wilson/The New York Times

O mercado da maconha, tanto recreativa quando medicinal, está projetado para crescer de US$ 22 bilhões em quatro anos para US$ 7 bilhões apenas neste ano, caso Califórnia diga sim, de acordo com projeções do Arcview Group, uma companhia conecta investidores com empresas especializadas em cannabis.

“Este voto irá reverberar por todo o mundo”, disse o executivo chefe do Arcview, Troy Dayton. “O que temos visto antes tem sido pequeno comparado com o que iremos ver na Califórnia”.

Especialistas que têm estudado essas iniciativas de legalização dizem que, em grande parte, essas medidas são como um tiro no escuro, um enorme experimento em saúde pública, que pode envolver 23% de toda a população dos Estados Unidos – que gera um quarto de toda a produção econômica do país – aliado a uma pesquisa científica relativamente pequena sobre os riscos da legalização. Além disso, já existem 25 Estados que permitem o uso da maconha para fins medicinais.

Para os proponentes da legalização da maconha na Califórnia, um voto para o sim pode trazer os mesmos benefícios vistos no Colorado – com uma redução acentuada no número de prisões relacionadas à drogas e um grande aumento na arrecadação de impostos – isso em uma escala muitas vezes maior.

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Estados onde a maconha é legalizada nos Estados Unidos. Em roxo mais escuro, os estados nos quais a maconha já é legalizada para uso recreativo, e em roxo mais claro onde o uso é permitido apenas para fins medicinais. Já em laranja mais escuro, os quatro estados que votarão em novembro para a legalização do uso recreativo, e em laranja mais claro os que decidirão sobre a liberação do uso medicinal. Fonte: The New York Times.

Depois de anos de resistência, quem defende a legalização diz que seus objetivos de longo prazo estão finalmente ao seu alcance.

“Meu último objetivo é colocar essa planta nas mãos de todas as pessoas do planeta que precisam dela – e no meu ponto vista isso são todas as pessoas”, afirmou Steve DeAngelo, fundador do Harboside, site especializado em maconha medicinal de Oakland, que se aproveita de uma lei sobre maconha medicinal que está em vigor a duas décadas.

“É quase uma coisa religiosa e espiritual”, afirma DeAngelo. “Foi a mãe natureza que nos deu essa planta curativa”.

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Ian Almerico levando plantas de maconha no Harborside. Fonte: Jim Wilson/The New York Times