Por Antônio Strini, do ESPN.com.br
Tudo o que os governos dizem sobre o Rio de Janeiro é subestimado quando se trata da poluição. Foi o que as agências AP e Reuters, duas das maiores do mundo, escreveram nesta segunda-feira a quatro dias do início oficial dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Elas são as responsáveis por disseminar as notícias de todos os lugares para a imprensa mundial e propagam “o caos” da contaminação até o dia 21 de agosto.
A Reuters, através de testes próprios e dados oficiais, garantiu em reportagem que o ar da Cidade Maravilhosa é “mais sujo e mortífero do que o propagado pela autoridades, e a promessa de legado olímpico de limpar os ventos não foi nem de longe cumprido”.
Eles lembram que o executivo chegou a dizer que a qualidade do ar durante os Jogos estava “dentro dos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde”.
“As pessoas expostas à poluição têm riscos mais altos de câncer de pulmão, ataques cardíacos, derrames, asma e outras doenças”, continua a reportagem. “Esse não é definitivamente um ‘ar olímpico'”, disse Paulo Saldiva, da USP e membro da OMS.
“Muita atenção foi dada à poluição da água no Rio, mas muito mais gente morre por causa da poluição do ar do que com a água. Você não é obrigado a beber a água da Baía da Guanabara, mas você deve respirar o ar do Rio”, comparou.
A agência AP, enquanto isso, lançou nesta segunda os dados coletados durante 16 meses por sua equipe quanto à contaminação da água carioca – Baía da Guanabara e Lagoa Rodrigo de Freitas serão usadas em provas nos Jogos.
“Os testes da AP indicam que turistas também enfrentam potencialmente sérios riscos de saúde nas praias douradas de Ipanema e Copacabana”, diz a matéria.
Em seus estudos, a agência indica que “os locais aquáticos olímpicos e paralímpicos revelaram altos níveis consistentes e perigosos de vírus da poluição”.
As águas estão “contaminadas com esgoto humano repleto de vírus e bactérias perigosas”, e os atletas “que ingerirem apenas três colheres de chá” do líquido “quase certamente serão infectados com vírus que causam problemas estomacais e respiratórios e mais raramente inflamações no coração e no cérebro”, continua a AP.
“Nunca coloque a cabeça sob a água”, pediu a doutora Valerie Harwood, do departamento de biologia da Universidade da Flórida.
Quanto à poluição nas praias mais famosas do mundo, a especialista alertou principalmente bebês e crianças. “Ambos têm níveis muito altos de infecções por vírus. Você sabe o quão rápido eles podem ficar desidratados e pararem no hospital. Esse é o ponto mais assustador para mim”, declarou.