E se a etiqueta contasse a história de quem fez a sua roupa?

01/04/2015

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Ao comprar uma roupa algumas pessoas conferem as etiquetas para checar tamanho, forma de cuidados na lavagem e até a composição. Mas e se a etiqueta descrevesse com mais detalhes  que a roupa foi confeccionada em condições de exploração de trabalho semelhante à escravidão? A organização não governamental canadense Fair Trade Network desenvolveu uma ação em parceria com a agência Rethink para alertar os consumidores que “os rótulos não contam a história toda”.

Em uma série de anúncios impressos, a ONG – que promove a consciência e apoio ao comércio justo – chama a atenção para as condições perigosas e precárias de trabalho aos quais muitos trabalhadores da indústria têxtil estão sujeitos.  Cada cartaz apresenta uma peça de roupa com uma etiqueta estendida que descrever diferentes histórias sobre trabalhadores explorados em fábricas de Camboja, Bangladesh e Serra Leoa.

“100% algodão. Feita em Serra Leoa por Tejan. Nas primeiras vezes em que cuspiu sangue ele escondeu de sua família. Eles não podiam pagar o tratamento médico e ele não podia arriscar perder seu emprego de longa data na plantação de algodão. Um dia, quando caiu em uma convulsão, aquilo não podia mais ser ignorado. O diagnóstico foi de intoxicação por agrotóxicos. A falta de um vestuário adequado o deixou com leucemia na idade de 34 anos. Ele tem duas filhas. Uma delas começa a trabalhar na fábrica no próximo ano. A etiqueta não conta toda a história”.  Essa é apenas uma das histórias comoventes retratadas em uma das etiquetas. Veja os outros cartazes acima.

Além disso, a Fair Trade Network oferece uma lista de guia de compras para incentivar os clientes a apoiarem as empresas envolvidas em práticas de comércio justo, permitindo que eles pesquisem por produtos em fábricas que podem confiar.

 Fashion Revolution Day 2015

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A campanha da Fair Trade Network foi lançada propositalmente às vésperas do aniversario de dois anos de um trágico acidente no edifício Rana Plaza, em Bangladesh, onde 1.100 trabalhadores explorados de uma confecção morreram após um desabamento de uma fábrica. Leia mais sobre o incidente aqui.

E para relembrar essa data, no dia 24 de abril – dia do acidente – acontecerá simultaneamente em diversos lugares do mundo a segunda edição do Fashion Revolution Day. A iniciativa – criada por líderes da indústria da moda e têxtil, imprensa, ativistas e  instituições de caridade –  encoraja as pessoas a questionarem tudo que se passa por trás da indústria têxtil. A iniciativa convida os consumidores a compartilharem uma foto com alguma peça de roupa do lado avesso questionando à marca sobre a origem da roupa, usando  as hashtags #whomademyclothes e #FashRev. No Brasil, a campanha contará com eventos online e presenciais em diversas cidades.

Para ler mais sobre a campanha, acesse o site fashionrevolution.org