Querido Papai

16/12/2015

Atualização: esta campanha ganhou dois Leões, um de Ouro e outro de Prata no Festival de Cannes 2016. 

Esta campanha norueguesa é um manifesto à cultura do estupro, algo que as mulheres de todos os lugares e classes sociais enfrentam. O filme feito para a web #DearDaddy é narrado por uma menina que está prestes a nascer. Criado pela agência Schjærven para a ONG Care, a campanha é dirigida aos pais da Noruega mas serve para os de qualquer país.

As cenas vão entremeando as experiências do pai – piadas machistas, ouvir sem recriminação as aventuras dos amigos mesmo se forem de violência contra mulheres – com as que a menina terá no futuro. Na Noruega, 1 em 4 mulheres sofrem algum tipo de violência física ou psicológica – um pouco melhor que a estatística mundial que é 1 em cada 3 mulheres.

Uma das coisas mais fortes do filme é a contraposição do texto forte com as cenas da violência, mostradas como algo inevitável na vida da moça. A narradora pede ajuda para evitar os vários tipos de violência que estará sujeita ao longo da vida. Quando adolescente, ser chamada de “vadia” ao usar uma roupa curta. Quando for uma jovem mulher, o estupro ao beber demais. Ou a violência física por parte do parceiro, mesmo sendo uma mulher independente e bem sucedida. Para ajudá-la, o pai deve evitar achar graça e apoiar comportamentos misóginos. Além disso, educar os irmãos dela para respeitar as meninas desde cedo.

O filme virou notícia no mundo todo e viralizou rapidamente nas redes sociais.  A versão em inglês já tem quase 3 milhões de visualizações em uma semana (foi lançado dia 4 de dezembro no YouTube). Em entrevista ao jornal sueco Dagens Nyheter, o diretor de Comunicação da Care, Henrik Vanik, disse que era difícil para os homens refletirem sobre a situação das mulheres. “Nós procuramos abordar a questão dando dicas de como eles devem se comportar quando testemunham o mau comportamento de outros homens”, explicou. Segundo ele, o filme deve ganhar traduções em outros idiomas como russo, francês e espanhol.

Ele afirmou que foi procurado por representantes da ONU para recriarem a peça para uma campanha global sobre violência contra mulheres.