Redes enfrentam o tabu

10/09/2018

No período de um ano, dobraram os comentários positivos nas redes sociais, com uma maior demonstração de empatia e conscientização sobre o suicídio. Passaram de 28,8% (2017) para 57,8% em 2018. Este é o maior destaque do novo dossiê Comunica Que Muda (CQM), o segundo sobre o tema, produzido pela iniciativa digital da agência nova/sb.

O CQM analisou mais de 538 mil menções entre maio e junho de 2018. Em 2017, no mesmo período, foram analisadas 1.230.197 menções. A diferença no número de menções tem a ver com o impacto causado no ano passado pelo lançamento da série juvenil 13 Reasons Why, da Netflix e o noticiário sobre suposto jogo virtual Baleia Azul.

O levantamento mostra claramente uma mudança de percepção sobre o suicídio em um período de um ano. Em 2017, a maior parte dos comentários sobre suicídio nas redes (58,8%) foi neutra, com as pessoas evitando emitir opiniões ou se posicionar mais claramente. Em 2018, mais da metade das menções (57,8%) foi positiva, mostrando um aumento considerável da conscientização sobre o tema, no período de um ano – 26,5% ficaram neutras e 15,8% fizeram comentários negativos.

As piadas e ironias sobre suicídio caíram. Em 2017, 34,2% das menções ao tema eram piadas. Em 2018, esse número caiu para 9.3% (passando de primeiro para quarto lugar no ranking de temas monitorados), demonstrando que há mais seriedade e informações úteis nas conversas nas redes. Há o dobro de comentários se posicionando sobre o tema – de 24.4% para 51.3%.

“Neste novo levantamento, observamos um salto qualitativo, com mais comentários positivos sobre o suicídio, ou seja, pessoas discutindo suas causas. No dossiê de 2017, as abordagens que demonstravam empatia eram 28.8% e, agora em 2018, elas foram 57.8%”, revela a coordenadora do Comunica Que Muda, Beatriz Pereira.

As conversas sobre depressão também aumentaram. Em 2017 representavam apenas 7,7% das menções mas este ano tiveram um salto de 24,6%. Surgiu também o assunto de “doenças” – a associação do suicídio a questões de saúde – que alcançou 4.1% das menções.

“O que temos visto é que o aumento das discussões sobre o suicídio tanto nas redes sociais como na mídia tradicional, tem gerado um impacto social muito positivo. E reforça justamente o que a gente acredita: quanto mais informação, mais diálogo, mais gente está tentando compreender e até buscar ajuda”, reforça Beatriz Pereira. O titulo do primeiro dossiê do CQM fazia exatamente essa provocação para a sociedade: Suicídio, precisamos falar sobre.

Os depoimentos, história vivenciada pelo próprio usuário, tiveram um discreto aumento, passando de 6.3% (2017) para 8.3% (2018). Uma das conclusões do estudo é que ainda persiste uma certa dificuldade de se expor nas redes. Foi registrado uma leve queda dos relatos – quando é compartilhada a história de alguém conhecido do usuário – caíram de 5.5% para 4.4%.

Se em 2017 o suposto jogo virtual de suicídio Baleia Azul dominou boa parte das conversas, em 2018 foi mencionada apenas em 1,8% das vezes.

Por outro lado, a série 13 Reasons Why manteve sua porcentagem de buzz com a segunda temporada da série, embora com uma leve queda – passou de 26.6% em 2017 para 21.6% em 2018. O Rio de Janeiro é o estado com mais menções sobre suicídio (27,6% das menções), seguido por São Paulo (19,9%) e Minas Gerais (9,4%).

Na comparação entre os gêneros, as mulheres (79,4%) continuam sendo as que mais falam sobre o tema – eles somaram 20,6% das menções. Em 2017, 71,8% dos comentários eram delas e 28,2% deles.

Dia 10 de setembro é o . A data, criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), marca as ações de prevenção ao suicídio que duram todo o mês – Setembro Amarelo. Segundo a OMS, a cada 40 segundos há um suicídio no mundo. O Brasil é o 8º país em número de suicídios.

A nova/sb e o CQM – Entre as maiores agências de publicidade do país, a nova/sb é a única a ter o selo Pró-Ética – conquistado pelo segundo ano consecutivo junto ao Instituto Ethos e Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU). Conta com escritórios em São Paulo, Brasília, Cuiabá e Rio de Janeiro, somando mais de 180 profissionais. É responsável pela premiada iniciativa de Comunicação de Interesse Público, o Comunica Que Muda (CQM), que tem aprofundado a discussão sobre temas polêmicos e de grande impacto como a descriminalização da maconha, o suicídio, o lixo, o uso do carro e a intolerância. O CQM tem uma forte presença digital, com blog e redes sociais e segue a tradição pioneira da agência, iniciada em 2006, de contribuir com os debates e transformações sociais.