Gente à venda

30/07/2015

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Hoje, 30 de julho, é o Dia Mundial do Combate ao Tráfico de Pessoas. Para marcar a data, o blog destaca as pesquisas mais recentes e campanhas que retratam um dos crimes mais cruéis e lucrativos do mundo.

Em seu mais recente Relatório Global Bienal, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)  aponta que o tráfico de seres humanos movimenta  aproximadamente US$32 bilhões anualmente. Como mostra o filme (acima) da campanha  da organização libanesa Caritas Lebanon Migrants Center, criada para a data, milhões de pessoas são vítimas  do tráfico de pessoas para os mais diversos tipos de exploração como o trabalho escravo, a exploração sexual, contrabando de órgãos, casamentos forçados e adoções ilegais.

Considerada a forma mais comum de tráfico de pessoas, a exploração de trabalhadores atinge mais de 21 milhões de pessoas. Estima-se que é algo em torno de 11,4 milhões de mulheres e meninas e 9,5 milhões homens e garotos. Iludidos com falsas promessas  de recrutadores, eles são convencidos a pagarem altas taxas que os obrigam a permanecer em condições de trabalho escravo em fazendas, fábricas e casas noturnas  –  caso de mulheres e meninas exploradas sexualmente.

Acontece que, diferente do tráfico de drogas e armas, o tráfico de pessoas não tem recebido a mesma atenção da mídia. Em seu blog,  o jornalista Leonardo Sakamoto destaca  pesquisas que comprovam essa omissão da mídia. A pesquisa Tráfico de pessoas na imprensa brasileira , desenvolvida pela Repórter Brasil, revela que, dos 655 textos veiculados desde 2006 na imprensa, 57% apenas menciona o tráfico de pessoas e, ainda assim, muitas vezes ainda de forma equivocada. O restante (54%), apesar de focarem um pouco mais no assunto, ainda o aborda de forma superficial e são mais voltados para o tráfico sexual, deixando as outras formas de exploração de lado.

Além da pouca repercussão, o Relatório da ONU também destaca que, cerca de 40% dos países fizeram, em média, menos de 10 denúncias por ano de casos de tráfico de pessoas, enquanto 15% não registrou uma única denúncia . “Isto ilustra um nível de impunidade que é inaceitável e destaca o fato de que , no momento, os traficantes estão ficando impunes dos seus crimes “, disse o Diretor Executivo do UNODC , Yury Fedotov . “O mundo está enfrentando muitos desafios graves , e os nossos recursos são limitados. Mas não podemos permitir que criminosos sem escrúpulos para aproveitar essa crise tirem proveito do desespero e sofrimento alheio.

Child For Sale

Por outro lado, campanhas tentam chamar a atenção da população e das autoriddes.  Diferente da campanha libanesa, que foca nas diferentes formas de tráfico de pessoa, a campanha Child For Sale, criada pela agência BBH China para a Fundação de Assistência Social Chinesa se volta para o tráfico de crianças, que representa cerca de 33% das pessoas traficadas atualmente

No filme de 90 segundos, um traficante de crianças vende-nas através de uma espécie de informecial.  “Traficantes de crianças não percebem as crianças como seres humanos, mas como produtos. A campanha adota o ponto de vista de um traficante criança insensível vendendo crianças fora com promoções e descontos especiais . Em vez de a tática convencional de construção de simpatia para com as vítimas , o nosso objetivo é inflamar e causar repulsa”, explica Yu Kung ,Diretor executivo de criação da BBH China.

Campanha Coração Azul

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Para mobilizar a opinião pública mundial contra o tráfico de pessoas, o UNODC lançou, em 2008, a campanha Coração Azul. Além de aumentar a conscientização da população, a campanha  trabalha para construir o apoio político no combate aos traficantes e para arrecadar novas contribuições para o Fundo Voluntário das Nações Unidas para as Vítimas do Tráfico de Pessoas.

Na edição de 2015, a campanha está  encorajando as pessoas a seguirem seus perfis nas redes sociais e mudarem suas fotos do perfil no Facebook pela logomarca da campanha e , conectar-se por meio do Twitter ou assistir e compartilhar vídeos sobre o tráfico de seres humanos. 

Desde 2011, o Brasil aderiu à campanha e também lançou ações em diversas cidades do país. Vários monumentos nacionais ganharam a iluminação azul em solidariedade às vítimas do tráfico. O Ministério da Justiça usou sua página oficial no Facebook divulgar a campanha e convidar as pessoas a aderirem. “Você sabia que os monumentos de várias cidades do Brasil estão iluminados em solidariedade a todas as pessoas vítimas do tráfico de pessoas? Participe desta corrente você também: envie fotos dos monumentos iluminados em sua cidade, compartilhe nossos posts e insira a imagem do coração azul em seu Facebook”, convida o MJ.