Ensinando desigualdade

04/05/2017

O experimento social criado pela associação Observatoire des Inégalités, da França, subverteu as regras o jogo Monopoly (Banco Imobiliário) para mostrar às crianças como as coisas são diferentes na vida real. De acordo com sua etnia, gênero, cultura e até limitações físicas, alguns jogadores ganharam mais dinheiro do que outros, alguns podem comprar propriedades com mais facilidade do que outros, vão pra prisão com muito mais facilidade ou são obrigados a usar dados diferentes, com números menores que os demais. As crianças, claro, reagem contra as regras, que consideram extremamente injustas. “Mas por que?”, perguntam. A criação é da agência Herezie.

Aproveitando a proximidade com as eleições presidenciais na França, a estratégia mostra algumas das maiores desigualdades do país. Pessoas de minorias étnicas tem mais dificuldade de negociar imóveis. Pelos mesmos crimes, pessoas de baixa renda e não brancas tem três vezes mais chances de serem condenadas. O salário das mulheres é 23% menor do que o dos homens. Atualmente, apenas 30% das estações de trem são acessíveis para deficientes. As crianças carentes progridem bem mais devagar na escola, 35% repete uma série até os 14 anos.

Pobreza à francesa

De acordo com o Observatoire des Inégalités, a taxa de pobreza nas grandes cidades é superior a 20%. Nas áreas rurais, atinge majoritariamente os idosos. Nessas áreas a taxa de desemprego chega a 27%. Além dos seus 2,9 milhões de desempregados, a França tem 3,4 milhões de trabalhadores precários: principalmente pessoas em contratos temporários, seja no setor privado e em público. Há também 1,4 milhão de desanimados, que não procuram ativamente por trabalho por conta das relações trabalhistas desfavoráveis e não integram os levantamentos oficiais do governo. A situação é pior para os imigrantes. Mais de um em cada cinco empregos, ou 5,4 milhões de postos de trabalho, permanecem inacessíveis aos estrangeiros.