Designers recriam marcas para criticar patrocínio de empresas à Copa do Mundo do Qatar

28/05/2015

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A decisão da FIFA de realizar a Copa do Mundo FIFA 2022 no Qatar vem recebendo cada vez mais críticas. Corrupção, má gestão financeira, subornos, altas temperaturas e até homofobia são algumas das denúncias contra a entidade e o evento. Mas são os relatos de trabalhos análogos à escravidão e com  alto índice de mortalidade nas construções de instalações para a Copa que mais vêm mobilizando diversas manifestações pelo mundo. Até o momento, mais de 1.400 trabalhadores morreram em construções para a Copa do Mundo no país. Designers profissionais e amadores de várias partes do mundo decidiram protestar e pressionar os patrocinadores do evento da FIFA para desistirem de patrocinar o evento.  Osite Bored Panda divulgou na ultima quarta-feira (27) as “releituras de protesto” das marcas dos principais patrocinadores (Coca-Cola, Visa, Adidas, Mcdonald`s, Kia e Hyundie).

As releituras das marcas fazem referência às condições desumanas as quais os trabalhadores estão sendo submetidos e são acompanhadas do slogan “orgulhosamente patrocinando  o abuso dos direitos humanos da Copa do Mundo 2022”. Algumas das artes divulgadas ironizam, inclusive, os slogans verdadeiros das marcas. O famoso slogan da AdidasImpossible is nothing”, por exemplo, ganhou a versão “Impossible is nothing with slave labor” (Nada é impossível com o trabalho escravo, em português). Já o slogan da Sony, “Make Believe” ganhou a versão “Make Slavery”.

Mas é importante destacar que a Sony, assim como a empresa aérea Emirates não renovaram seus contratos com a FIFA em 2014 após os escândalos envolvendo a entidade, o que representou um rombo de 500 milhões de dólares  no orçamento dela, segundo a matéria da Uol.

Essa não é a primeira vez que os patrocinadores sofrem com esse tipo de pressão para seguirem os passos da Sony e da Emirates e desistirem de patrocinar a Copa do Mundo.  Em 2014, um novo relatório da Confederação Sindical Internacional (CSI) expôs as condições dos trabalhadores estimando que haverá 62 mortes de trabalhadores para cada jogo da Copa do Mundo.  Após o relatório, alguns patrocinadores, como a Visa e Adidas, expressaram publicamente preocupação com as denúncias e pediram mudanças, mas não desistiram do patrocínio.

Relatórios recentes também denunciam que os passaportes dos trabalhadores migrantes são muitas vezes confiscados quando entram no Qatar e retêm os pagamentos quando bem entendem, o que indica que eles não podem deixar o país quando quiserem. Na semana passada, por exemplo, o jornal britânico The Guardian relatou que muitos trabalhadores nepaleses – que representam 20% da força de trabalho migrante –  não conseguiram sair do para visitarem seus familiares após o forte terremoto que atingiu o Nepal em abril deste ano.

Curiosamente, a campanha dos designers foi divulgada no mesmo dia em que sete dirigentes da FIFA foram presos em uma operação liderada pelo FBI sob a acusação de solicitação e recebimento de propinas e comissões de executivos de marketing, que somam mais de 150 milhões de dólares. De acordo com a nota oficial do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em troca, os executivos recebiam direitos midiáticos, de publicidade e patrocínio em torneios de futebol na América Latina, entre eles a Copa Libertadores e a Copa do Brasil, realizados pela CBF.

O Presidente da FIFA, Joseph Blatter, considerou as prisões como um “momento difícil” mas bom para a entidade. “Confirma que estamos no caminho certo. Dói. Não é fácil. Mas é a maneira certa de seguir”, afirma Blatter. Leia mais sobre esse assunto aqui.