O jornalismo morreu?

05/04/2007

O jornalismo tem força para moldar o mundo? Essa pergunta, cuja resposta afirmativa já moldou as carreiras de milhões de profissionais de jornalismo há mais de um século, ganha contornos sombrios no artigo de Brian Cathcart, professor de jornalismo da Kingston University, no Reino Unido, publicado na New Statesman (veja mais aqui, em inglês).

Cathcart constata que manchetes em série e editoriais furiosos publicados pelos principais jornais britânicos contra os massacres no Zimbábue e em Darfur, no Sudão, têm sido impotentes para impedir o horror (200 mil mortos e 2 milhões de desabrigados apenas em Darfur). “Em se tratando do que realmente importa, suspeito que a maioria dos jornalistas é bastante consciente de quão pouca diferença eles fazem”, diz Cathcart.

Manchetes em série têm influência zero não apenas para a matança na África, como diz Cathcart, mas também aqui – prosseguem os horrores da criminalidade brasileira, apesar da grita diária dos jornais. Mas, antes de anunciar a morte da razão (ou do jornalismo, seu porta-voz), talvez seja o caso de se perguntar se mensagens só de ida, como faz o jornalismo tradicional, seriam suficientes para conduzir populações e governantes à ação prática. E indagar se práticas jornalísticas mais participativas e comprometidas com resultados, como faz o jornalismo cívico, não estariam mais aptas para o desafio de arregimentar forças em nome de causas comuns, como defende este blog (leia mais sobre jornalismo cívico aqui).

Por Ubiratan Muarrek