24/10/2016

Censura

Nem as campanhas de saúde escapam do preconceito.

Seios quadrados

24/10/2016

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Não é só o tabu de enfrentar uma doença grave, a prevenção ao câncer de mama também enfrenta obstáculos sérios até nas campanhas educativas. Por incrível que pareça até a imagem estilizada de um mamilo pode ser considerada ofensiva ou obscena. A imagem acima é da organização sueca Cancerfonden e foi criada para vencer a censura do Facebook que, na semana passada, excluiu o vídeo original da campanha para o #OutubroRosa.

O video mostrava, com desenhos, como fazer o autoexame das mamas. Depois que a censura foi noticiada em jornais do mundo todo (The Guardian , the BBC , the New York Post , Time), o Facebook voltou atrás e pediu desculpas em um comunicado enviado ao  jornal inglês The Guardian. “Estamos muito tristes, nossa equipe processa milhões de imagens publicitárias a cada semana, e em alguns casos, nós incorretamente proibimos anúncios. Esta imagem não viola nossas políticas de anúncios. Pedimos desculpas pelo erro”.

A mensagem inicialmente enviada para justificar a proibição informava que os mamilos da animação foram considerados pelos algorítimos da rede social como uma violação à regra que “um anúncio não pode comercializar produtos de sexo ou serviços, nem produtos ou serviços adultos“.”Achamos que é incompreensível e estranho como se pode avaliar uma informação médica como ofensiva.Esta é uma informação que salva vidas, que é importante para as mulheres”, declarou a diretora de comunicações da Cancerfonden, Lena Biornstad, à agência de notícias Agence France-Presse.

Mulheres de Peito

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Para driblar o preconceito contra os seios nas redes sociais, a Propeg criou para o Hospital Aristides Maltez e Liga Bahiana Contra o Câncer – LBCC uma ação digital sobre a importância das mulheres fazerem o autoexame das mamas.  “Mulheres de peito” traz fotos de mulheres corajosas que fizeram mastectomia. Com a mensagem “Eu posso mostrar os seios no Facebook”, elas revelam ter vencido a censura das redes da pior forma possível. A assinatura “Autoexame: proibido é não fazer” é o conceito da ação. O objetivo é que os usuários se engajem na causa e compartilhem as imagens usando a #mulheresdepeito.

Censura ao corpo feminino

Não é a primeira vez que o Facebook é duramente criticado por censurar uma imagem que não tem nada de obsceno mas retrata o corpo feminino. Em setembro deste ano, o Facebook censurou uma foto icônica da Guerra do Vietnã postada pela primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg.

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Registrada em 1972 pelo fotógrafo Nick Ut Cong Huynh para a Associated Press, a foto (acima) de uma menina vietnamita nua fugindo de um ataque de napalm é considerada uma das imagens que definem a guerra. O fotógrafo recebeu o Prêmio Pulitzer pela imagem.

A censura começou com o escritor norueguês Tom Egeland que publicou um post sobre fotos de guerra, ilustrado com a imagem icônica. O Facebook a deletou rapidamente. Em apoio a Egeland, os noruegueses começaram a publicar essa mesma foto na rede social, e também tiveram suas mensagens apagadas. Depois da indignação coletiva – não só da Noruega mas da mídia em vários países – o Facebook também voltou atrás neste caso.