18/10/2016

Violência

Eles encontraram as armas e usaram.

Bebês matam mais

18/10/2016

O título assusta, né? Mas é uma sátira a um dos principais argumentos dos defensores de armas: ““Armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas.” A campanha Toddlers Kill é da ONG Brady Campaign, que luta pelo desarmamento e controle de armas dentro dos EUA. De acordo com a entidade, os todlers (palavra inglesa para crianças de até 3 anos, em português usamos bebê para essa idade) mataram mais americanos em 2015 que os famigerados terroristas que tanto assustam a sociedade norte-americana.

Um levantamento feito pelo jornal Washigton Post revelou que, em 2015, 43 incidentes graves com armas de fogo envolveram bebês de até três anos: 13 se mataram, 18 se feriram, 10 feriram outras pessoas e 2 mataram outras pessoas. Em 31 dos 43 casos, os bebês encontraram as armas onde estavam “guardadas”. 

A campanha, criada pela McCann NY, foi feita para incomodar e mostra imagens reais de bebês segurando armas. Os bebês são tratados como pequenos terroristas. “Nós precisamos prendê-los”, diz um narrador. “Não as armas. Isso é anti-americano. As crianças. Cercá-los. Deportá-los. Tirá-los do nosso país. E mantê-los longe de nossas armas. As armas não matam as pessoas; crianças matam pessoas. Precisamos a América segura. ” Chocante, não? Mas tem muita gente que não acha relevante o controle de armas. A Associação Nacional de Rifles, bancada com recursos das empresas fabricantes de armas, é contra o controle rígido de pessoas que podem comprar armas e também às novas tecnologias que assegurariam maior controle, como a trava que só pode ser liberada pela impressão digital do dono.

Desarmamento no Brasil

O Estatuto do Desarmamento pode ter salvado 135 mil vidas, de acordo com o levantamento realizado pelo Mapa da Violência 2016. O estudo conclui que as políticas de controle das armas de fogo evitaram milhares de homicídios entre 2004 e 2014. Entretanto, depois de doze anos em vigor, a lei brasileira que restringiu a posse e o porte de armas de fogo no país está prestes a ser alterada pelo Congresso Nacional. Desde 2003, o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826) vem sendo ameaçado por tentativas de revogação que agora podem ser concretizadas com a aprovação do Projeto de Lei 3.722/2012, que está pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados.

Aprovado em comissão especial, o texto do relator, deputado Laudívio Carvalho (PMDB-MG), propõe que seja criado o Estatuto de Controle de Armas de Fogo, que permite a todos os cidadãos o direito de possuir e portar armas de fogo para legítima defesa ou proteção do próprio patrimônio. A proposta está para ser votada em plenário e há na Mesa Diretora da Casa dois requerimentos de urgência para que ele seja apreciado até o fim do ano.

Em setembro, 56 especialistas em segurança pública nacionais e internacionais lançaram, durante o 10º Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, um manifesto contra a proposta. O documento reúne pesquisas de todo o mundo com o objetivo de comprovar que o aumento de circulação de armas, consequentemente, aumenta a violência. De acordo com dados do Mapa da Violência 2016, de 1980 até 2014, morreram no Brasil 967.851 vítimas de disparo de arma de fogo.

Com informações do B9, EBC, Correio Braziliense e do USA Today.