Necessidades especiais não!

21/03/2017

Você já se perguntou o que são as tais “necessidades especiais” que uma pessoa com Síndrome de Down tem? A resposta desta campanha criada para o Dia Mundial da Síndrome de Down não podia ser mais direta: nenhuma.  “O que a gente precisa são de oportunidades, educação, emprego, amigos e um pouco de amor”, explica a atriz Lauren Potter (conhecida pela sua atuação na série Glee) ao final do filme, que está sendo veiculado na TV e nas redes sociais.

A campanha Not special needs just human needs foi criada pela Publicis New York para a ONG Coordown. De um jeito muito leve e bem-humorado, o filme mostra que o uso do termo “necessidades especiais” é um limitador para o desenvolvimento das pessoas. No hotsite, a explicação é mais detalhada. As pessoas com síndrome de Down, como todo mundo, têm necessidades humanas básicas – comer, beber, respirar e dormir – ser nutridas, amadas, educadas e protegidas – para se mover, comunicar, contribuir e trabalhar – e compartilhar, amar e viver.

Claro, as pessoas com síndrome de Down podem precisar de assistência extra. Às vezes, eles ainda precisam de assistência  para atender a uma necessidade particular. Mas isso não torna essa necessidade humana comum “especial”.

O filme conta com a participação do ator John McGinley  (Scrubs, Wall Street, Platoon),  que tem um filho síndrome de Down e é porta-voz internacional para a Global Down Syndrome Foundation. E teve mais de  5,7 milhões de visualizações do Facebook em cinco dias. Também será apresentado hoje durante a Conferência do Dia Mundial da Síndrome de Down em Nova York, na sede das Nações Unidas.

Por que não?

Uma pessoa que necessita de alguma ajuda para falar, escrever ou ser entendida, ainda está encontrando a mesma necessidade humana que todos compartilhamos – a necessidade de se comunicar. A única coisa que é diferente é o grau de assistência ou a forma como eles atendem essa necessidade, não a própria necessidade. A frase “necessidades especiais” é um eufemismo comum para se referir a uma pessoa com uma deficiência no que eles pensam é uma maneira mais positiva ou confortável.

De acordo com o hotsite Not Special Needs,  a expressão “necessidades especiais” é realmente contraproducente de muitas maneiras:

  1. Por definição, “excepcionaliza”, segrega e exclui.
  2. Estigmatiza, pois está associada a cenários segregados (por exemplo, escolas especiais, oficinas especiais e casas de grupos especiais). Consequentemente cria um rótulo para um caminho separado, de  baixas expectativas baixas de vida.
  3. Sendo um eufemismo, é cada vez mais considerado paternalista, condescendente e ofensivo por pessoas com deficiência.
  4. Ele serve para distanciar as pessoas com “necessidades especiais”, pois implica que suas necessidades só podem ser atendidas de maneira “especial” ou por “especialistas”. Isto complica a inclusão de pessoas com deficiência na educação regular e no emprego.
  5. Na “excepcionalização” da deficiência e no reforço das barreiras comportamentais, dificulta o reconhecimento da deficiência como parte da diversidade humana e retarda a realização dos direitos humanos das pessoas com deficiência.
  6. Pesquisas recentes sugerem que as pessoas respondem mais negativamente a alguém descrito como sendo ou tendo “necessidades especiais”, em comparação com alguém descrito como tendo deficiência ou uma deficiência específica.