Nike em mais uma polêmica

04/09/2018

 

Tem gente queimando produtos e logo da Nike  após campanha
Peça com jogador de futebol americano irritou parte do público e provocou queda nas ações da empresa

por PROPMARK e Estadão

Nike

Tênis em chamas, meias rasgadas e a hashtag #NikeBoycott. Se você se deparou com algum desses conteúdos nas redes sociais nas últimas horas e não entendeu muito bem, saiba que se trata da reação raivosa de algumas pessoas que não gostaram da nova campanha da Nike.

Em comemoração aos 30 anos do slogan “Just do It”, a companhia convocou para a sua comunicação (veja aqui) atletas que compartilham do mesmo espírito questionador que a marca busca ressaltar. O problema, para parte do público, é que entre as estrelas está o jogador de futebol americano Colin Kaepernick. Para quem não se lembra, em 2016, como protesto contra o racismo e a injustiça social nos Estados Unidos, o então quarterback do San Francisco 49ers ficou sentado durante o hino nacional norte-americano.

Colin usou seu perfil no Twitter para compartilhar uma peça em que a imagem em preto e branco do seu rosto aparece em close junto com a mensagem “Acredite em alguma coisa. Mesmo se isso significar ter que sacrificar tudo”. A frase faz referência ao episódio.

Colin Kaepernick

@Kaepernick7

Believe in something, even if it means sacrificing everything.

Sem medo de polêmicas

Nike tem feito campanhas publicitárias que vão além do esporte. Nos últimos dias, por exemplo, a marca apoiou em suas redes Serena Williams após o veto ao seu uniforme. Agora, a campanha de solidariedade é para outro esportista: Colin Kaepernick. O ex-jogador dos San Francisco 49ers não foi contratado por nenhuma outra equipe desde a temporada 2016-17, quando protagonizou uma campanha em que ajoelhava durante o hino dos Estados Unidos em protesto contra a violência policial sobre cidadãos negros.

O anúncio traz uma foto de Kaepernick com a frase “Acredite em algo, mesmo que signifique sacrificar tudo”, seguida da hashtag “Just Do It”, slogan da marca norte-americana que pode ser traduzido como “apenas faça”. Corajosamente, a Nike resolveu trazer de volta à tona o posicionamento do atleta, que  dividiu opiniões e rendeu até mesmo críticas de Donald Trump. Na ocasião, o presidente afirmou que os donos das equipes “deveriam tirar esses filhos da p… de campo”. Acontece que além de reacender a ira dos que criticaram o ato na ocasião e gerar uma tentativa de boicote aos produtos da empresa, a repercussão da propaganda fez as ações caírem até 4%.

Mais de 30 mil pessoas twittaram algo com a hashtag #NikeBoycott nas últimas horas desta terça-feira (4). O assunto foi parar nos trending topics no Twitter. Alguns usuários das redes sociais postaram imagens de si mesmos queimando e rasgando seus sapatos e roupas da Nike.

Sean Clancy@sclancy79

First the @NFL forces me to choose between my favorite sport and my country. I chose country. Then @Nike forces me to choose between my favorite shoes and my country. Since when did the American Flag and the National Anthem become offensive?

 

John Rich

@johnrich

Our Soundman just cut the Nike swoosh off his socks. Former marine. Get ready @Nike multiply that by the millions.

Por outro lado, inúmeras pessoas demonstraram apoio a coragem e a ousadia da marca por meio das redes sociais. Alguns internautas afirmam que compraram itens justamente em apoio à iniciativa da marca. “Imediatamente comprei tênis novos”, comentou uma mulher. “Pareceu um bom dia para comprar novos tênis”, escreveu outra.

Jimmy Lucero@jimmyblucero

@nikegolf @Nike got some new kicks for my golf trip. Thanks @Kaepernick7 for being you. Respect.

 

Vale lembrar que outros esportistas patrocinados pela empresa também estrelam propagandas personalizadas. Na última segunda-feira, Serena Williams compartilhou em seu perfil no Twitter uma foto em preto e branco. A peça mostra a tenista ainda criança com a mensagem “É apenas um sonho maluco até você fazer”.

A Nike ainda não se posicionou publicamente sobre a tentativa de boicote. O momento agora para quem acompanha o mercado é de observar como a marca vai lidar com a gestão de crise de sua imagem, principalmente nas redes sociais e, se de fato, haverá algum tipo de prejuízo concreto em razão da campanha.